“O difícil de abdicar hoje será um privilégio de amanhã”
Nuno Bizarro licenciou-se em Direito na Universidade Portucalense. No segundo ano do curso tinha como objetivo dar aulas na Universidade. O “feedback” positivo dos colegas a quem explicava a “matéria de forma simples” alimentou esse objetivo “muito ambicioso”, como era encarado há 20 anos.
Empenhou-se a sério e obteve notas invulgares. O primeiro 17 aconteceu a Direito Comercial, recordando-se do funcionário a afixar as notas e a felicitá-lo emocionado com o feito.
O percurso de “muito trabalho” e o “carinho com que foi recebido pelos seus docentes” estimularam-lhe o gosto por aprender mais e foram decisivos para que no final dos cinco anos da licenciatura fosse convidado a lecionar. O sonho e o objetivo foram assim cumpridos. Talvez por isso acredite que o esforço e o trabalho são sempre compensados – “a seu tempo as coisas acontecem”.
Considera que as oportunidades continuam a existir em momentos de crise e que “não deve ser esta [a crise] a razão pela qual se abdica da profissão com que se sonha. Temos que acreditar que há lugar no mercado de trabalho, mas não basta acreditar, é necessário acreditar e fazer”.
Durante 15 anos lecionou unidades curriculares como “Introdução ao Direito”, “Direito da Família e das Sucessões” ou “Direito das Obrigações”. Em 2000 ingressou na Sonae Sierra, especialista internacional em Centros Comerciais, onde começou por dar apoio legal na expansão internacional da empresa que hoje tem presença empresarial em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Grécia, Roménia, Croácia, Turquia, Marrocos, Argélia, Colômbia e Brasil.
Uma experiência além-fronteiras que lhe permitiu “crescer pessoal e profissionalmente” e a “pensar o Direito como uma “oportunidade de prática internacional em áreas muito gratificantes e com juristas de excelência”. Refere ainda que foi necessário “despir da raiz idiossincrática do Direito e cultura nacional” e “estar sensibilizado para as diferenças culturais e legais dos vários países”.
Fala Espanhol, Inglês e Francês. Inicia o seu dia de trabalho, na sede da Sonae Sierra, muito cedo porque na Grécia são mais duas horas e não se pode perder tempo. Atualmente, trabalha com os mercados português e grego.
Apesar de ter trabalhado com vários países com diferentes idiomas, os obstáculos linguísticos nunca se impuseram. “O “Impossível” é tão somente uma barreira que construímos na nossa mente e que se acreditarmos, tem sempre forma de ser superado!”, sublinha.
Defende que “é necessário projetar muito cedo, planear, ter capacidade de esforço e lutar” e que “o sacrifício de hoje é o privilégio de amanhã”.
Há quatro anos descobriu uma paixão pelas motas, uma espécie de “catarse” que vive entre sexta-feira e domingo. A sua família e o seu “mentor” Joaquim Pereira Mendes, Administrador da Sonae Sierra, responsável pelos Assuntos Legais, Fusões e Aquisições, e docente da Universidade Portucalense, são a sua inspiração. Daqui a cinco anos “gostaria de ter saúde para trabalhar com o mesmo nível de energia e felicidade de hoje”.