“Planear para o pior, esperar o melhor”
Pedro Deus, Partner da PwC, licenciado em Gestão na UPT, regressou recentemente à universidade, como orador convidado da Sessão de Abertura dos Mestrados e cursos Pós-Graduados. Atualmente, é responsável pela unidade de incentivos, a nível nacional, de apoio a empresas na identificação e obtenção de financiamento público para investimento em Portugal, e lidera a unidade de negócios de Análise de Dados, que auxilia as empresas em análise e inteligência sobre grandes volumes de dados.
Comunica UPT: Quando decidiu estudar Gestão, qual era a sua profissão de sonho?
Quando iniciei a licenciatura tinha o sonho de criar uma empresa, provavelmente com alguns colegas do curso, tendo em vista ajudar essa empresa a alcançar o sucesso a nível nacional e internacional, para o que iria aproveitar os ensinamentos que iria obter durante todo o curso.
Quais as principais recordações que guarda da universidade?
As principais recordações, que ainda hoje me acompanham, incluem algumas pessoas com quem me cruzei durante todo o percurso, sejam eles colegas de turma, de turmas ou cursos diferentes, professores e mesmo outros profissionais da universidade. Conheci momentos de extrema dedicação e muito trabalho, mas também tive a oportunidade de aproveitar as imensas alegrias proporcionadas pela vida de estudante.
Este foi um ciclo essencial para a sua vida…
Sempre considerei o curso como um processo de transição que me proporcionou uma base de competências técnicas e comportamentais, fundamentais para conseguir enfrentar um mercado de trabalho que, em 1995, começou a tornar-se cada vez mais competitivo, mas que, acima de tudo, teve uma grande influência naquilo que eu sou a nível pessoal e profissional.
Quais foram os principais ensinamentos que o curso lhe deu?
Algumas disciplinas e professores foram marcantes – posso referir a título de exemplo “Contabilidade Geral” – e foram mesmo decisivas em determinadas fases do meu percurso profissional. Mas olhando com o distanciamento de 20 anos, destaco o desenvolvimento da maturidade como indivíduo e como elemento inserido em diferentes grupos. É nesta fase da vida que percebemos, de forma definitiva, que vamos ter que nos esforçar para alcançar os nossos objetivos e que passamos a “estar por nossa conta”.
Após a licenciatura, como decorreu o seu percurso profissional?
Ainda antes de concluir a licenciatura, em junho de 1995, candidatei-me à função de assistente de auditoria na Coopers & Lybrand (hoje PricewaterhouseCoopers) e hoje, passados 20 anos, sou sócio desta empresa, embora na área de consultoria. Na verdade, e como costumo referir em tom de brincadeira, este é ainda o meu primeiro emprego, embora, dentro da organização na qual trabalho já tenha passado por diversas áreas e funções.
No seu entender, o seu sucesso profissional fica a dever-se a…
Bases técnicas sólidas e em permanente atualização, uma mente aberta para perceber as oportunidades e desafios, quando não pareçam tão evidentes, capacidade de recrutar, formar e motivar equipas de excelência e, naturalmente, alguma felicidade em determinados momentos.
Quais são os seus objetivos profissionais a curto e médio prazo?
Os meus objetivos profissionais passam por desenvolver as áreas pelas quais sou responsável e que, neste momento, já abrangem mais de 40 pessoas, e dessa forma contribuir para o crescimento da PwC, permitindo que esta continue a ser dos principais empregadores a nível nacional de jovens recém-licenciados.
Qual a análise que faz à Gestão em Portugal?
Tem vindo a melhorar, fruto de uma consolidação e generalização das qualificações técnicas com o acesso quase ilimitado à informação, o que não era possível há 20 anos atrás. Entendo que nos dias de hoje, os nossos profissionais das áreas de gestão estão ao nível dos melhores, mesmo de países com maior tradição nesta área. Talvez faltem mais oportunidades para que existam mais portugueses em cargos de topo de empresas internacionais.
Quais as características que considera essenciais para vencer no atual mercado de trabalho competitivo e global?
Adaptabilidade à mudança, capacidade de foco no essencial e compromisso sério e honesto com as pessoas que fazem parte das nossas equipas.
Daqui a um ano, como perspetiva a sua vida?
Honestamente, espero que a minha vida seja muito semelhante à vida que levo agora, sinal de que as apostas que fiz continuam válidas.
Uma lição de gestão?
“Plan for the worst, hope for the best”, esta frase acompanha-me desde os tempos de auditoria e continua muito atual.