“Com nota dez não se entra no nosso escritório”
Pedro Marinho Falcão, advogado e docente de referência na área de fiscalidade, licenciou-se em Direito na Universidade Portucalense, em 1988, com a média final de 16 valores, o que lhe valeu o Prémio Fundação Eng. António de Almeida atribuído ao melhor aluno do ano.
Aos 15 anos quando frequentava o liceu António Nobre, no Porto, escolheu um caminho de estudo. Por influência dos pais que gostavam que estudasse Gestão, conjugado com uma “maturidade insuficiente”, Pedro Marinho Falcão decide enveredar pela área de ciências. Uma decisão que percebeu não ter sido a certa, tendo corrigido no final do ano letivo ao mudar-se para Humanísticas, onde se afirmou “um excelente aluno”. Corrigiu o percurso e perdeu um ano, mas ganharia em troca uma vida profissional inteira.
Em 1983 candidatou-se à universidade e em 800 candidatos agarrou o sexto lugar. A fila da frente começaria a marcar o seu trajeto académico. Foi nos bancos das aulas que conheceu Nuno Cerejeira Namora, o sócio com quem partilha há 24 anos a vida profissional na sociedade de advogados denominada com o nome de ambos.
Marinho Falcão relembra esse período com uma “intensa vida académica, estudo a sério, conhecimento e maturidade” que se transformaram numa “experiência de vida”. António Ferreira de Cima e Mário Fontemanha foram duas amizades que nasceram nesse tempo e perduram até hoje.
Após terminar a licenciatura, estagiou no escritório de Pinto Carneiro e, simultaneamente, iniciou a carreira de docente universitário como assistente na “cadeira” de Direitos Reais na Universidade Portucalense. Atualmente, leciona Direito Fiscal I e Direito Fiscal II (contencioso tributário).
Em 1989, com Nuno Cerejeira Namora, abriu o seu próprio escritório na cidade do Porto, rua Gonçalo Cristovão. Em 1997 conta já com seis pessoas e a rua Santos Pousada foi a morada que se seguiu. Em 2002, são 15, e sucede uma nova morada – a rua Dr. Joaquim Pires de Lima, atual sede da sociedade onde trabalham mais de 40 colaboradores. Três momentos que entende traduzir “ciclos de crescimento alicerçados na competência, empenho e dedicação”.
Em 2013, Pedro Marinho Falcão lidera uma média sociedade de advogados que procura sempre os melhores profissionais do mercado. Mas, qual é o perfil profissional que procura? “A nota de licenciatura é fundamental, porque significa que estudou, se empenhou e que o seu trabalho terá reflexos na sua profissão. Quem termina o curso com uma nota de dez não tem lugar no nosso escritório”, explica.
Desde o ano passado que a sociedade recorre a uma empresa especializada em recrutamento para encontrar os melhores recursos humanos do mercado. Indica que “não é fácil encontrar bons profissionais” e que “após a contratação se segue sempre um ano à experiência, mesmo que essa pessoa tenha saído da universidade com nota final de 20. Durante esse período é avaliada a interação com os sócios, as equipas de trabalho e os clientes. A capacidade de relacionamento interna e externa é fundamental e pesa 50% na avaliação do profissional”, esclarece.
Na atual conjuntura económica adversa, a sociedade Nuno Cerejeira Namora e Pedro Marinho Falcão registou um aumento de 25% do volume de negócios, que se explica pelo aumento de litígios no seio de empresas e entidades bancárias. Um êxito que, para Pedro Marinho Falcão, se alicerça na “capacidade de dedicação à profissão que implica frequentemente não haver horários, fim-de-semana ou férias. A total disponibilidade pode significar sacrifício de ordem pessoal e é importante que se demonstre que existe uma capacidade para se sacrificar pela profissão”.
Entende que ser advogado enfrenta atualmente muitos desafios: “os advogados de prática isolada estão condicionados, na medida em que se procura, cada vez mais, profissionais de várias valências e especializações”. Para além da diferenciação, destaca a necessidade de acompanhar as evoluções tecnológicas, exemplificando com o progresso registado nas últimas duas décadas: “no início perguntavam-me se tinha fax, depois se tinha telemóvel e mais recente se tinha endereço de email”.
Quando concluiu a licenciatura um professor disse-lhe “agora já só falta tudo” e essa frase acompanha-o sempre. “Os cursos dão apenas pistas de conhecimento, é necessário uma constante atualização. A formação académica e curricular é determinante para o êxito profissional”, sublinha.
A demonstração da liquidação irregular do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) foi a sua batalha “mais simbólica” e talvez a mais mediática. Daqui a 10 anos espera que esteja a viver um ciclo de crescimento na sociedade de advogados e na universidade e com “mais tempo para objetivos pessoais”.