Paixão pela tecnologia abre as portas da NIKE
O antigo aluno Rui Machado, de 30 anos, está a viver um sonho. A NIKE desafiou-o para o cargo de “Engineering Manager” na Bélgica. Natural de Vila Nova de Gaia, Rui tem como lema de vida “trabalhar arduamente em silêncio e deixar que o sucesso seja o nosso marketing”. Um dia acredita que ainda vai “cantar fado”. É licenciado em Tecnologias e Sistemas de Informação (atualmente, o curso tem a designação de Gestão e Sistemas de Informação).
Comunica UPT: Quando decidiu estudar Tecnologias e Sistemas de Informação, qual era a sua profissão de sonho?
Rui Machado: Desde sempre fui um curioso pelas várias áreas da Informática, nomeadamente segurança, programação e gestão de base de dados. Acabei por construir uma carreira na área dos dados e inteligência artificial. Foi uma área que me surpreendeu não só pela forte componente técnica, mas por ser próxima da Gestão, exigindo competências sociais apuradas, quer para compreender as necessidades dos clientes, quer para comunicar os conceitos técnicos a qualquer audiência.
Quais as principais recordações que guarda da universidade?
Sem descurar as recordações dos colegas, recordo a proximidade dos professores. Essa proximidade facilitou-me o processo de aprendizagem e aumentou a minha motivação para ser um Informático. Recordo também que a universidade promoveu eventos com profissionais, possibilitando-nos um contacto com o mercado de trabalho, contribuindo para uma melhor perceção de como a gestão e a implementação de sistemas de informação funcionam na realidade. Destaco ainda a experiência num programa de Erasmus, na Lituânia, que me permitiu, em conjunto com colegas de vários países, descobrir o “data mining”, uma área que escolhi depois para trabalhar.
Este foi um ciclo essencial para a sua vida…
Claro que sim! Acredito que a cultura de proximidade combinada com o conhecimento adquirido fez com que me tornasse um profissional capaz de responder a qualquer desafio na área dos Sistemas de Informação, quer pela vertente das competências sociais, sabendo fazer as perguntas certas no momento certo, quer pela vertente das competências técnicas, sabendo fazer e implementar sistemas de informação e de suporte à decisão. O curso preparou-nos para o mercado de trabalho, não só focando em tecnologia, mas também em como as organizações e as pessoas funcionam. Só balanceando estas três dimensões é possível construir e gerir sistemas que respondem de forma eficiente a problemas organizacionais.
Quais foram os principais ensinamentos que o curso lhe deu?
O curso tem uma componente muito forte de programação, redes de computadores e engenharia de software, para conseguirmos desenhar e construir um sistema de informação. Além disso, foca bastante na componente de gestão de requisitos, da mudança e do próprio projeto, com todas as suas metodologias ágeis, para que consigamos implementar estes sistemas dentro do prazo, qualidade e custo esperado, mas também com as pessoas e a organização certa.
Após a licenciatura, como decorreu o seu percurso profissional?
Passei por empresas como a DevScope, a Primavera e a Alert e trabalhei com plataformas como BizTalk ou MicroStrategy. Em 2014, ingressei na Jumia e nos três anos seguintes tive oportunidade de aprender a gerir pessoas e a desenvolver a minha personalidade de líder e decisor. Em 2017, estive na Huub, onde contribuí para a criação e desenvolvimento do departamento de “Business and Artificial Intelligence” e criei a ShopAI, uma empresa focada em software de pesquisa visual, que atualmente trabalha com algumas empresas de renome mundial na recomendação de produtos similares baseados em características visuais. No ano passado, aceitei o desafio da Nike e mudei-me para a Bélgica, onde vivo com a minha mulher e, daqui a algumas semanas, com a minha filha recém-nascida.
Quando e como surgiu esta oportunidade de trabalhar na NIKE?
Sempre investi bastante em atividades extracurriculares, como escrever um blogue de partilha de conhecimento técnico e participar em conferências, como orador ou participante. Estas atividades abriram mais portas no mercado de trabalho. Através do trabalho partilhado no meu blogue, fui convidado a escrever três livros técnicos na área da programação e integração de sistemas, o que me permitiu mostrar as minhas capacidades de escrita e de compreensão técnica. Sempre fui bastante dedicado em todas as minhas experiências profissionais, o que me permitiu ser reconhecido no mercado como um profissional competente e de valor. Gosto de acreditar que foram estas as razões que levaram a Nike Europa a acreditar na minha capacidade de liderar um Departamento de Engenharia.
Quais as características que considera essenciais para vencer no atual mercado de trabalho competitivo e global?
As competências técnicas são importantes, mas de nada importam se não soubermos estar, comunicar ou socializar. Não basta ser eloquente, simpático e extrovertido se não conseguirmos materializar o que vendemos. Dessa forma, é importante estudar e ser especialista numa área, mas é igualmente importante desenvolver competências sociais. Em Informática, muitas decisões são tomadas junto a uma máquina de café, mas o sistema vai ser sempre desenvolvido numa ou mais plataformas e funcionar num ou mais servidores, pelo que é fundamental saber discutir a solução, mas também perceber como implementar e onde esta vai ser executada.